quinta-feira, 29 de março de 2018

Taturana encontrada no Brasil tem veneno capaz de matar uma pessoa

Contato com a espécie pode causar hemorragias internas; soro produzido no Brasil é o único antídoto no mundo.

O Instituto Butantan alerta para os perigos do contato de pessoas com os “espinhos” envenenados de taturanas (ou lagartas) do gênero Lonomia, que apenas em 2016 foram responsáveis por 3.813 acidentes no país, de acordo com o Ministério da Saúde. O contato com a grande maioria das lagartas provoca dor e queimação, com inchaço e vermelhidão no local atingido. Porém, o acidente com a Lonomia pode causar uma síndrome hemorrágica, com sangramento na gengiva e na urina, até complicações graves como a insuficiência renal aguda, provocando a morte na falta de um tratamento correto.
Atualmente, o tratamento disponível para reverter os efeitos do envenenamento é a utilização do soro antilonômico produzido pelo Instituto Butantan desde 1994, único produtor do medicamento no mundo. O soro é obtido a partir do próprio veneno da Lonomia, em um processo no qual animais são imunizados com antígenos 
específicos e preparados com a toxina da lagarta.
Para manter a disponibilidade do medicamento, o Instituto recebe a cada ano uma quantidade suficiente dessas lagartas por meio de parcerias com secretarias de 
saúde da região Sul do país, geralmente entre os meses de dezembro e fevereiro. 
“Existe uma cadeia de participação para a produção do soro que envolve a população, órgãos de saúde e o Instituto Butantan. Tudo isso para viabilizar o soro”, explica 
Fan Hui Wen, gestora de projetos do Núcleo Estratégico de Venenos e 
Antivenenos do Butantan.
Na medida em que divulgamos a existência dessas lagartas consequentemente se estabelecem ações de prevenção”, explica a médica do Butantan.
Sobre a espécie
Lonomia é um inseto em fase larval que possui quatro estágios de desenvolvimento – ovo, lagarta, pupa e mariposa – frequentemente encontrada nos períodos de calor e chuva em troncos de árvores, camufladas e agrupadas em colônias. Somente na fase de larval a lagarta possui cerdas “espinhudas” que contêm um veneno que, em contato com a pele, causa “queimaduras”, dor local e sangramentos. Os acidentes com Lonomia nem sempre causam envenenamento e a gravidade do caso depende da quantidade de lagartas que a pessoa tocou e o quanto de veneno foi inoculado a partir do contato, se foi um contato leve ou se houve pressão sobre as cerdas.
O encontro da lagarta com o homem deve-se provavelmente ao desmatamento e é facilitado pela existência de moradias próximas à ilhas de mata nativa, inclusive no meio urbano.

Taturana é quase imperceptível em tronco de árvore (Foto: Divulgação Instituto Butantan)

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