No sábado (26) foi feito o último resgate de um sobrevivente. O boletim mais recente das buscas, divulgado nessa terça-feira (29), diz que a tragédia já soma 84 mortos e 276 desaparecidos. Nesse cenário, o trabalho de Pedro é delicadíssimo.
“Eu não encaro isso daqui como um trabalho e, para mim, não é só um número. Quando a gente fala de vidas humanas, se a gente tem uma informação errada, isso daí pode impactar negativamente na vida de uma família de uma maneira muito intensa. Então, em primeiro lugar, eu tenho noção dessa responsabilidade. Em segundo lugar, é uma operação muito difícil, porque são muitas agências envolvidas. São muitos dados que chegam, a gente tem que verificar esses dados, são muitas demandas. As pessoas querem informação”, disse ele ao G1.
Segurar o nervosismo e a emoção certamente também é uma tarefa e tanto. Apesar disso, Pedro tem feito um ótimo trabalho e está sendo elogiado por isso. Além de manter-se firme nos comunicados, ele sempre transparece em suas falas o respeito ao caráter humano da operação.
“O que eu faço é apenas transmitir o trabalho destes grandes heróis. Esses, sim, merecem todo o reconhecimento e todo tipo de aplauso. Porque, se eu faço um trabalho minimamente bem feito, não é mérito meu, e, sim, mérito do próprio trabalho que é realizado por outras pessoas”.
Em 2015, Pedro também se envolveu na operação dos bombeiros em Mariana, quando uma tragédia parecida com essa aconteceu. Na época, ele trabalhou apenas na parte administrativa e não na chamada “zona quente” – que é a ida à campo.
Dois anos depois, em 2017, Pedro atuou como porta-voz no resgate às crianças, professoras e funcionários de uma creche em Janaúba, também em Minas Gerais. Na ocasião, o segurança da escolinha Gente Inocente ateou fogo ao local e o incêndio matou dez crianças e três professoras, além do próprio segurança.
“Foi um reconhecimento muito difícil, pela característica de a gente ter crianças, que é uma situação que afeta muita gente, e de presenciar muito de perto o sofrimento daquelas famílias, especialmente das mães. Por mais que a gente esteja preparado para lidar com isso, é uma coisa que toca muito o nosso coração”.
Agora, em Brumadinho, Pedro conta que, além do fator emocional, o esforço físico também é grande. Ele faz parte da equipe que estava à bordo da primeira aeronave enviada pelos bombeiros ao local da tragédia, a fim de fazer o acompanhamento desde o início. Passou a primeira noite em claro e conta que agora dorme de três a quatro horas por dia.
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